"Fita-semente” ajuda pequenos agricultores na hora do plantio

Projeto de "semeadura de precisão" criado por agrônomo formado no Paraná será financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates

O engenheiro agrônomo Mateus Marrafon, de 29 anos, soube relacionar bem a sua experiência de vida com o que aprendeu durante os estudos na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UNEP), em Bandeirantes. Observando as dificuldades da mãe no plantio de milho, ele decidiu enquanto ainda estudava propor à disciplina de mecanização agrícola um projeto que facilitasse a semeadura para os pequenos produtores. Passados cinco anos, a fita biodegradável criada pelo então universitário e patenteada como “semeadura de precisão” será financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, entidade mantida pela Microsoft. 



A proposta de Marrafon, hoje doutorando, foi escolhida entre 2,7 mil projetos submetidos ao edital deste ano da fundação e obteve um investimento de US$ 100 mil. Os recursos, segundo o engenheiro, serão usados no aperfeiçoamento da iniciativa e em testes no continente africano. A expectativa é que o protótipo contribua para aumentar em até 50% a produtividade na agricultura familiar. 



Marrafon explica que a fita, desenvolvida à base de celulose e com micronutrientes, envolve as sementes para o plantio. Quando depositada no solo, ela permite a colocação das sementes com o espaçamento ideal entre elas, sem a necessidade do uso de máquinas agrícolas. “Não é preciso regular a distribuição de sementes, qualquer pessoa consegue plantar”, explica. 

Outro ponto importante que o inventor afirma é seu baixo custo e aplicabilidade na agricultura familiar: “O custo é baixo. É um projeto que se aplica à agricultura de baixa renda em todos os aspectos e se firma com altíssima precisão.” 



Mais do que um invento técnico, o projeto do agrônomo Mateus Marrafon pode ser uma alternativa de baixo custo para pequenos produtores, opina o professor Marco Antônio Gandolfo, do Departamento de Engenharia e Desenvolvimento Agrário da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UNEP). Ele incentivou o estudante a desenvolver a iniciativa em 2008. 

Gandolfo observa que a fita biodegradável pode ser confeccionada pelos próprios produtores rurais. Neste sentido, avalia, o projeto também tem uma vertente educativa. “É uma construção que parte do envolvimento manual. O plano é passar tecnologia para que as pessoas possam construir as fitas em horários que acharem oportunos e depois aplicá-las no solo”, afirma. 

O professor diz que esta condição caracteriza o caráter sustentável da proposta, o que representa uma excelente possibilidade de ajudar a reduzir a fome na África. Ele considera, contudo, que será necessário ainda o desenvolvimento de uma máquina que auxilie no uso das fitas. “É um plano de mudança de comportamento, onde as famílias estariam associadas para ter essa tecnologia”, diz. 

Gazeta do Povo
Antoniele Luciano, correspondente    --->>> Saiba mais

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